Hoje quero abordar um assunto polêmico e controverso por aqui. Que a acupuntura é benéfica para melhorar uma série de quadros que a gestante apresenta durante a gravidez, isso é fato e concordamos.
Enjoo matinal, náuseas, azia, insônia, fadiga, dores nas costas e ciática, prisão de ventre, ansiedade, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, síndrome do túnel do carpo e culatra são alguns deles.
Mas sobre a existência ou não de pontos proibidos durante a gestação, o assunto é bem mais controverso. Autores como a britânica Debra Betts e o russo Nikolat Zharkin, pontos
devemos evitar qualquer ponto abaixo da linha do umbigo e, em especial, os pontos B31, B32, B34, IG4, BP6, B60 e B67.
Mas, uma revisão feita por David Carr, publicada em 2018, reunindo diversas pesquisas, algumas em animais, onde foram testados diversos estímulos em pontos classicamente conhecidos como proibidos – entre os quais, os listados acima e, ainda, VB21, P7, entre outros, concluiu que a quantidade de efeitos adversos é estatisticamente irrelevante, sendo que, os que foram, relatados, podem não ter relação com efeitos da Acupuntura.
Segundo Carr, os modelos teóricos das vias de ação da Acupuntura, tanto pelo conceito tradicional chinês, quanto no modelo neuroanatômico, mostram conexão entre alguns pontos e útero por exemplo. Mas daí para causar abortos ou problemas, conclui ele, poderia ser uma extrapolação do conceito.
Na minha opinião, essa questão requer cautela e muito bom senso ao avaliar o contexto da paciente. E saber dosar corretamente o estímulo da acupuntura em cada caso.
1.
Carr DJ. The Safety of Obstetric Acupuncture: Forbidden Points Revisited. Acupuncture in Medicine. 2015;33(5):413-419. doi:10.1136/acupmed-2015-010936